Volta e meia a vida testa nossa capacidade de ter esperança. Uma vida onde a desesperança se torna um vício e é inclusive encorajada pelo meio é capaz de causar danos físicos: impactos na saúde mental e somatizações ao corpo. O exagero emocional em relação à desesperança muitas vezes cria a tal da tempestade em copo d’água.
Quando a vida nos impõe desafios deste tipo, é importante manter a cabeça fria e acreditar que eventualmente as coisas vão se acertar. “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”. Não falo da esperança piegas, de comercial de margarina. “Um mundo melhor, um mundo para todos, onde tudo vai ser lindo!”. Esse tipo de esperança eu dispenso, pois não é a forma que me expresso. Às vezes achamos que precisamos nos espelhar nos outros quando na verdade o que precisamos é analisar o nosso modo de ter medo, de sentir amor, dor, esperança. Nosso default é achar esperança algo ingênuo, boboca. Olhamos para o mundo enxergamos tudo indo pra merda e pensamos “como é possível ter esperança nisso tudo, não é mesmo?”
Mas sim, é possível. Essa esperança não precisa estar vinculada a algo idealizado: ela pode ser vinculada à mudança. Ser mais pé no chão, ter mais sobriedade. Afinal ela é o último mal da caixa de Pandora então não há necessidade de se apegar a todo custo. Ela é a impermanência: nada dura para sempre. É curioso observar essa questão da falta de esperança sair em uma casa de mudança, que é a casa das grandes transformações. As grandes transformações e a magia só acontecem fora da nossa zona de conforto: quando nos vemos em uma situação em que nunca nos vimos, que não sabemos o que fazer, nem como começar.
O mago não é ninguém menos que alguém que forja sua própria esperança em meio ao caos.
Ele não vive uma esperança piegas, enlatada, propaganda de margarina da TV, dos outros.
Ele cria e constrói a sua própria.
E é isso o que incomoda as pessoas, que os enxergam como loucos: “Como ele acha que isso vai acontecer? Isso é impossível!”.
Mas na cabeça do mago isso é plenamente possível. Porque ele faz ser possível.
E acredita nisso com cada célula do seu corpo.14 min
Crônicas Atípicas 